#106 Hades, Murakami e uma Sexta-feira Difícil
A vida, de todos e de cada um, é uma história que merece ser contada.
Hoje, numa nota mais pessoal, escrevo-vos a newsletter sem um tom ou tema definido. Mas fiquem tranquilos: as próximas edições vão ser bastante boas, com novas entradas no Artesanato da Diversão e o desenvolvimento de um tema que já trouxe aqui e que considero importante. Não, não será um regresso ao reconhecimento cultural dos videojogos (tenho de fechar essa porta e atirar a chave para longe).
Devia estar completamente focado em Donkey Kong Country Returns HD, porque tenho uma análise para escrever para o Rubber Chicken, a casa que tão bem me acolheu depois da aventura que foi o VideoGamer. Mas, em vez disso, tenho passado demasiado tempo em Hades. Não em Hades II, infelizmente, mas no primeiro jogo da série da Supergiant Games. A ideia era saltar plataformas e desviar-me de obstáculos na selva, mas acabei por ficar preso a tentar escapar do submundo. O que é irónico, porque o jogo da Nintendo é suposto ser o difícil. Em Hades, o verdadeiro desafio é libertar-me do ciclo vicioso da sua excelente jogabilidade.
Além dos videojogos, também tenho tentado avançar na leitura de Norwegian Wood, mas estou a demorar tanto que já começo a achar que o Murakami escreveu um livro infinito. Não sei se é da escrita, do ritmo ou se sou eu que ando com a cabeça noutro lado – possivelmente uma junção de tudo –, mas a verdade é que nunca mais o acabo. Mas enquanto não acabo esta obra, delicio-me com as personagens que lá estão - Nagasawa é possivelmente a minha favorita.
A sexta-feira passada foi mais intensa do que qualquer videojogo ou livro. As minhas filhas fizeram uma amigdoadenotomia, um daqueles momentos que nos deixam com o coração apertado (estava numa autêntica pilha de nervos), mesmo sabendo que é uma cirurgia simples e rotineira. Correu tudo bem, felizmente, mas não deixa de ser difícil vê-las passar por isto. Agora estão em recuperação, o que significa muitos mimos e gelados cá por casa.
Fica ainda aqui o meu sincero agradecimento a quem me enviou palavras de apoio neste dia tão emocionalmente difícil.
Leituras
Não gostam de café para ler? Fácil. Façam um bom chá, talvez um chá preto. É assim têm a companhia perfeita para estas leituras.
A progressão Enquanto os dias se entrelaçam e perdem a sua forma, onde as horas são minutos e os minutos são eternos, Michelle Em toda a arte, principalmente multimédia há inovadores e clássicos. E depois há todos aqueles que de algum modo tentam imitar ou tornar-se um destes. E depois há preciosidades como Mullet MadJack que não quer saber. - Bruno Santos sobre Mullet MadJack, Meus Jogos
Mas não basta que cada jogador faça a sua parte isoladamente – a grande magia de Split Fiction está na forma como estas mecânicas se interligam. - Filipe Martins sobre Split Fiction, GameForces
Split Fiction é a fuga de um mundo estranho, uma espécie de Isekai – para os fãs de manga e de anime – mas também é uma clara carta de amor aos videojogos e um grito de revolta ao estado da indústria, onde a utilização da “inteligência artificial” assalta a nossa criatividade através de treino e repetição das artes. - David Fialho sobre Split Fiction, Echo Boomer
Edge of Sanity (o jogo, e não a banda mítica de death metal sueca criada por Dan Swanö) tem, como podem ver pelas imagens, como um de seus pontos fortes a aura criada, mergulhando-nos num mundo desolado e opressor, com um constante sentimento de inquietação. - Ricardo Correia sobre Edge of Sanity, Rubber Chicken
Devo-o ter jogado mais de uma dezena de vezes e foi tão bom regressar agora como sempre, uma região novamente explorada de cara lavada e com maior velocidade, agora que podia correr e mover-me na diagonal, algo inexistente na versão original. - Nuno Mendes sobre Suikoden HD Remaster Gate Rune War, Meus Jogos
Mesmo com uma opção impecável de fast travel e tempos de loading recorde, Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition é surpreendentemente mais divertido quando abordado o mais livremente possível. - Aníbal Gonçalves sobre Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition, IGN Portugal
O momento em que Yasuke e Naoe finalmente se unem como dupla é especialmente bem conseguido e um culminar das primeiras horas de jogo emocionalmente impactante. Infelizmente, esta cena acaba por estabelecer expectativas que o resto da história não conseguiu satisfazer. - Francisco Silva sobre Assassin's Creed Shadows, IGN Portugal
Gosto dos Achievments. Não ando a procurá-los, mas gosto quando aparece a notificação, gosto de ver aquela pontuação subir e esperava que isso também acontecesse aqui, afinal o jogo pertence agora à casa mãe, mas isso nunca aconteceu. Fiquei relativamente mais descansado quando em alguns podcasts apontaram uma solução que deveria funcionar comigo, sincronizar o jogo com a consola. Ora eu tentei isso e só me sincronizou um. UM! - "Diablo IV é um bom jogo com má integração" por Gonçalo Carvalho, Rubber Chicken
Para ouvir
Foi uma semana que não. Pois é, recomendo-vos, novamente, um episódio do Split-Chicken. Desta vez, uma entrevista a Daniel Rodrigues, Head of Young Adults and Teen Content da RTP, onde fala da RTP Arena, RTP Play e do quê que os espetadores relamente vêm na televisão tradicional.
Vejam isto
O título deste vídeo é o que eu tenho dito neste últimos anos: os jogos indie são a salvação desta indústria. Vejam que vale a pena.