#097 Nintendo Switch 2: a próxima grande consola da casa de Quioto
Como grande apreciador da marca nipónica, numa apresentação em que pouco foi mostrado, houve um misto de emoções com a revelação da consola.
Então, sabemos finalmente o nome oficial da sucessora da Nintendo Switch: Nintendo Switch 2. Não é o título mais criativo, admito, mas, honestamente, não fiquei surpreendido, nem desapontado. Depois de anos a fio em que a Nintendo nos deu nomes como Wii U ou New Nintendo 3DS, esperava algo mais arriscado, talvez até nostálgico — Super Nintendo Switch teria sido perfeito. Mas cá estamos, com um nome funcional que diz ao consumidor exatamente o que esperar, apesar de zero criatividade e imaginação na hora de batizar a nova máquina de jogos. A comparação mais justa que consigo fazer é com a transição da Nintendo DS para a Nintendo 3DS. Não era um salto radical em termos de design ou filosofia, mas trouxe inovações suficientes para justificar a existência como uma consola à parte. E parece que é exatamente essa abordagem que a Nintendo adotou: "em equipa que ganha, não se mexe".
Claro, dizer isso simplifica bastante o que deve ter sido um processo de desenvolvimento incrivelmente complexo. Mas, no essencial, a Nintendo fez o que sabe melhor — pegar na fórmula da Switch, afinar o que já funcionava e corrigir as falhas mais evidentes. No topo da lista? Espero sinceramente que o infame Joy-Con drift tenha sido finalmente resolvido. A ideia de voltar a lidar com comandos a falhar ao fim de meses de uso é algo que ninguém quer repetir.
Outra área que merece atenção? A eShop. É dolorosamente antiquada. Num mundo onde lojas digitais como a Steam definem padrões de organização e funcionalidade, a eShop da Nintendo parece algo de outra era. Sim, tem os jogos, mas navegar por ela é frustrante e, muitas vezes, desnecessariamente confuso. Se a Nintendo quer competir seriamente no espaço digital, não há vergonha em copiar o que já funciona. Até a Nintendo Life, site britânico dedicado à marca japonesa, criou uma eShop em condições, com filtros muito úteis que deixa de lado jogos de qualidade duvidosa, como shovelware e outros que usaram asset flip - jogos que nem sequer deviam ser admitida a entrada na loja digital da Nintendo.
Ainda assim, há boas notícias. A compatibilidade com a biblioteca da Switch original é um alívio para quem investiu em jogos nos últimos anos, mesmo que nem todos os títulos façam a transição - esperemos que se mantenha a conta Nintendo e que os jogos digitais também tenham essa mesma compatibilidade. E espero que o serviço Nintendo Switch Online continue a evoluir sem perder os sistemas clássicos já disponíveis. O suporte a mais aplicações de streaming, como Disney+ ou Netflix, seria extraordinário - algo tão simples, mas há muito que faz falta.
Para concluir, o que realmente importa é o que a Nintendo faz de melhor: os jogos. A Nintendo Switch 2 pode não reinventar a roda, mas, se souber aproveitar o que funcionou na primeira consola e adicionar inovação suficiente para justificar a mudança, será mais um sucesso monumental da casa de Quioto. Quanto a vocês, leitores desta newsletter semanal, não sei mas eu estou definitivamente entusiasmado com a nova consola.
Leituras
Não foi só quem escreve que arrancou mais lentamente depois das férias, o lançamento de jogos mais notáveis tem sido mais contido. Há jogos independentes muito interessantes que deviam ter em conta, mas pronto isso já sou a insistir com algo que não mudará. Curiosamente, e que deverá ser raro, encontrei mais artigos relevantes do que análises - uma reportagem, uma rúbrica e uma opinião.
Ao sair da loja, o cartaz vermelho e de letras bem carregadas a amarelo brilha no seu ecrã digital: “Wir schliessen” (Vamos fechar). Anuncia o fim de uma era. E lá está, digital e dinâmico, o cartaz que nos relembra: o físico está a morrer. - “GameStop: o fim de uma era”, por Filipe Branco, Café Mais Geek
Numa época que já se falava da PlayStation 2 por todo o lado, consola que já ocupava as lojas por cá, continuava a dar um excelente uso à primeira, principalmente para RPGs, enchendo os cartões de memórias com múltiplos saves. Em frente ao ecrã deliciava-me com a introdução em full-motion video (FMV) de uma qualidade soberba, um salto considerável quando comparado com Final Fantasy VII. Via Alexandria em todo o seu esplendor, viajava para um mundo de magia e fantasia medieval que adoro, longe do aspeto futurista dos dois jogos anteriores. - “Os Meus RPGs II – Final Fantasy IX” por Nuno Mendes, Meus Jogos
Não é preciso muito para deixar uma ilha pronta navegar pelos céus, basta um par de velas e uns lemes e até os calhaus de maior dimensão ganham vida, numa visão mágica e extravagante ao estilo de Howl’s Moving Castle. - Pedro Pestana sobre Aloft, IGN Portugal
Ainda assim, tenho de confessar que é um daqueles jogos que me oferece sentimentos mistos. Se por um lado me divirto bastante a jogá-lo, por vezes também me cria alguma frustração em algumas zonas, já que apresenta uma dificuldade acima do que é normal, ou se preferirem, um desafio maior quando comparado por exemplo com outros jogos de plataformas. - Rui Gonçalves sobre Donkey Kong Country Returns HD, Salão de Jogos
E o mais interessante? São estas divergências que tornam as análises ricas e valiosas. Não são o resultado de influências externas ou pagamentos secretos, mas sim o reflexo natural da diversidade de perspectivas que existe em qualquer grupo de pessoas apaixonadas por entretenimento. - “O valor da crítica no entretenimento digital” por Francisco Silva, IGN Portugal
Para ouvir
Não é fácil distinguir aquilo que é um jogo independente daquele que não é - Dave the Diver enganou os mais desatentos. O que é certo é que há muita desinformação quanto a este tema do que é ser um indie dev. Em You Are Error, Mike Bithell é o convidado de Nathan Grayson para desmistificar este tema.
Vejam isto
Mais um vídeo sobre nostalgia associada aos videojogos. Apesar da boa argumentação do autor do vídeo, mas ainda acho que esta aura dos jogos dos anos noventa é início dos anos dois mil ainda se encontra em jogos independentes. É preciso saber procurar.