#092 Cinco pérolas no The Game Awards
Cinco jogos particularmente interessantes que foram exibidos na cerimónia de Geoff Keighley.
Desde 2008 que os jogos independentes têm uma categoria na maior cerimónia de celebração ddos videojogos. Lembram-se de World of Goo? Foi o primeiro jogo independente a ganhar o prémio de Best Independent Game no The Spike Video Game Awards, portanto, um pioneiro na cena indie que conseguiu fazer a crítica e os jogadores celebrar os jogos independentes pelo que são: obras tão válidas como os blockbusters de orçamento substancialmente mais elevado. Admito, só acordei em 2009/2010 para a maravilha dos jogos independentes. A partir daí, a minha atenção virou-se gradualmente para o que uma ou duas pessoas eram capazes de fazer, do que um batalhão de programadores e artistas de diversas áreas. Já devem, de certo, saber que o meu trabalho incide sobretudo em jogos indie - têm outro apelo que os jogos grandes não conseguem transmitir; são enormes na sua pequenez.
Portanto, para um artigo mais leve do que o habitual, para que não esqueçam que grandes jogos indie estão em produção, decidi destacar um quinteto de obras que me despertaram o interesse depois do que vi, pelos resumos, no The Game Awards de Geoff Keighley - ou, como prefiro dizer, o Inverno dos Jogos do Vítor Antunes.
Ninja Gaiden Ragebound
The Game Kitchen / Dotemu
A icónica série Ninja Gaiden renasce com Ragebound, um título que não só moderniza a franquia, mas também a reinventa. Com combates implacáveis, cenários deslumbrantes e uma narrativa que explora o peso psicológico da vingança, este jogo é um equilíbrio perfeito entre nostalgia e inovação. Vindo dos espanhóis The Game Kitchen e dos gauleses Dotemu, tenho a certeza que a Koei Tecmo encontrou os parceiros perfeitos para dar a nova vida à grande série que é Ninja Gaiden. Pelo que deu para ver, Yoshizawa e Itagaki devem estar contentes pelas próximas aventuras do seu Ryu Hayabusa.
One Move Away
Ramage Games / Playstack
Outro jogo que me chamou muito à atenção foi One Move Away, um jogo de puzzles que parece querer apelar ao nosso lado mais emotivo, uma obra que transforma o ato de mudar de casa numa jornada criativa e cheia de emoções. Com o objetivo de empacotar pertences e carregá-los no carro, os jogadores exploram três histórias únicas que refletem os desafios e as mudanças da vida: ir para a universidade, regressar ao quarto de infância e começar novos capítulos - duvido que vão fazer a personagem principal perder uma embalagem de legos como eu perdi numa das várias mudanças que fiz quando era mais novo. Com controlos intuitivos, uma estética acolhedora e mais de 20 níveis cheios de encanto, o jogo permite aos jogadores arrumar à sua maneira - de forma metódica ou caótica - enquanto descobrem as histórias emocionantes por trás de cada mudança. One Move Away transforma uma experiência profundamente pessoal tal como Unpacking já o fez.
Slay the Spire 2
Mega Crit
Como superar um jogo que praticamente criou um género? Slay the Spire 2 responde ao desafio com novas mecânicas arrojadas e um aperfeiçoamento da fórmula original. Sinceramente, Slay the Spire ainda é um dos melhores jogos que tenho na Switch, embora não o tenha explorado tanto quanto queria. Por isso, desejo tanto esta sequela tal como se fosse uma obra de um dos meus autores literários favoritos.
KYORA
Pugstorm / Chucklefish
Sabem qual foi um dos jogos que mais horas tenho acumuladas no Steam? Terraria, um jogo que me veio à memória quando via o trailer de KYORA, o novo jogo dos criadores de Core Keeper - obra que esteve em destaque no Indie X. Este sandbox, gerado aleatoriamente, convida os jogadores a recolher recursos em minas, criar varinhas com poderes que desafiam as leis da Física e enfrentar formidáveis bosses dos diferentes biomas. O mundo de KYORA está repleto de segredos e localizações diversificadas, desde densas florestas a desertos escaldantes, cada uma oferece materiais únicos para criar equipamento poderoso e novas oportunidades de criar mais equipamentos essenciais para a vossa sobrevivência. Enfim, tudo indica que estará aqui um bom Terraria para quem tem saudades deste clássico da cena indie.
Stage Fright
Ghost Town Games / Hello Games
Stage Fright é uma nova e envolvente aventura cooperativa para dois jogadores, que combina o caos de Overcooked! (afinal é dos mesmos criadores) com o desafio cerebral dos puzzles de escape rooms. Concebido para jogar online ou em modo cooperativo no mesmo sofá (o tão bom e conhecido tipo de jogos couch coop), o jogo destaca-se pelo foco no trabalho de equipa, na comunicação e na acessibilidade, proporcionando uma experiência divertida e cativante para jogadores de todos os níveis. Com ênfase na colaboração em vez da competição, Stage Fright oferece uma mistura única de charme e desafio, apelando tanto a jogadores casuais como a entusiastas do modo cooperativo. Terá aqui a produtora britânica mais um destruidor de amizades? Mal posso esperar para sabê-lo.
Leituras
Está aqui um bom punhado de textos. Leiam que valem bem a pena conhecer as opiniões de quem tem o trabalho de as escrever.
É uma memória de final de tarde depois de ter caído do sofá e deixado entornar o café com leite que tinha na mão. É a irritação que não se consegue coçar, mesmo no meio das costas, que tentamos de tal forma alcançar que aleijamos a omoplata e o ombro na tentativa. É o equivalente a reencontrar um amigo de infância que começa a falar sobre política e que profere frases como “eu não sou X, mas…” para tentar vender o seu peixe podre. No fundo, Snow Bros. Wonderland é do mais aborrecido, sem sabor, irritante e desnecessário que joguei em 2024, e que vem numa missão que me estragar dezembro antes dele acabar. - João Canelo sobre Snow Bros. Wonderland, Echo Boomer
Isto tudo origina o crescimento do patient gaming, isto é, jogadores que esperam pelo momento certo para comprar e jogar os jogos. Por muito que seja fácil aceder aos jogos, tal como os serviços de subscrição de filmes e séries, não dá para ter tudo e ainda há muitas pessoas que querem mesmo comprar o jogo e ficar com ele, e é aqui que entra mais um paradoxo. Jogar é mesmo muito caro. - “Escondido à vista de todos” por Gonçalo Carvalho, Rubber Chicken
Para além das suas proezas visuais, o jogo brilha na sua jogabilidade. O combate, uma marca registada da série, é uma mistura emocionante de brutalidade e estratégia. O arsenal de armas de Kratos – o seu icónico Machado Leviatã, as ardentes Lâminas do Caos e a recém-introduzida Lança Draupnir – fornece um conjunto de ferramentas versátil para enfrentar os vários inimigos do jogo. Cada arma parece distinta, com conjuntos de movimentos únicos e caminhos de atualização que encorajam a experimentação. - André Silva sobre God of War Ragnarök (PC), Portugal Gamers
Mais do que um conforto, foi um alívio perceber que o passado não foi esquecido porque Brothership tem, em certos aspetos, o tom de um reboot. Parte disso vê-se no chamariz mecânico do título ou, melhor dizendo, na ausência dele. - Tiago Sá sobre Mario & Luigi: Brothership, GameForces
É impossível não sentir que W.A.N.D. Project, no contexto dos bullet heavens, onde o foco tende a ser a sobrevivência quase mecânica e a evolução do poder bruto, nos oferece uma experiência muito mais cerebral. A possibilidade (e necessidade) de personalizar feitiços ao longo da partida proporciona-nos uma camada adicional de estratégia ao invés de estarmos apenas em “piloto automático”, num jogo que recompensa a nossa criatividade e capacidade de adaptação. - Ricardo Correia sobre W.A.N.D. Project, Rubber Chicken
Denota-se um esforço genuíno por parte da Among Giants para tornar a exploração gratificante, fazendo-nos sentir compelidos a ir mais longe para o desconhecido só para perceber o que deambula nas terras misteriosas. A jogabilidade consiste numa combinação de exploração, gestão de recursos e sobrevivência. A melhor (ou pior, consoante a perspetiva) parte, é que existe zero hand-holding, ou seja, caso decidamos ignorar o caminho narrativo, não recebemos sequer os prompts a explicar boa parte dos controlos ou mecânicas, o que significa que nos temos de desenrascar sozinhos. - Sara Kohl sobre Albatroz, Squared Potato
Senti também uma certa inspiração em The Legend of Zelda: Breath of the Wild numa tentativa de copiar o trabalho de casa ocasionalmente, o que não é assim tão incomum atendendo que é um jogo criado na China mas, ainda assim, até enriqueceu a aventura com momentos interessantes. - Nuno Mendes sobre KAKU: Ancient Seal, Meus Jogos
No que diz respeito a regras, Super Mario Party Jamboree apresenta um modo Pro, que cá em casa foi apenas experimentado uma vez e quase causava uma destruição de um dos comandos pela pequena Alice. E isto aconteceu porquê, pergunta ninguém? Porque este modo torna mais difícil manter as moedas e as estrelas, é mais fácil roubá-las e faz com que os mini-jogos se baseiem menos na sorte e mais na capacidade de os jogar de forma correta, o que frustrou o pessoal cá em casa. Normal. - Paulo Tavares sobre Super Mario Party Jamboree, Future Behind
Para ouvir
O Fumaça estreou uma nova série - “Quase da Família” - onde conta histórias na primeira pessoa e a História das empregadas domésticas de famílias abastadas. Não só vale a pena pelo conteúdo do podcast, como pela forma como está a ser contado.
Vejam isto
Nunca prestei grande atenção aos jogos Soul Reaver, nem sequer a toda a saga Legacy of Kain. Felizmente, Danny O'Dwyer, no seu canal do YouTube noclip, está cá com mais um excelente trabalho para nos mostrar a importância deste série.