#084 A Switch 2 é, provavelmente, o futuro da Nintendo
A próxima consola da casa de Quioto já fez correr muita tinta, mesmo sem um anúncio oficial.

Nunca gostei da ideia de uma “Switch 2” ser a próxima consola da Nintendo. O número “2” no fim da palavra “Switch” implica que esta será uma sequela da original, um melhoramento em vez de uma completa inovação. Será uma passagem similar à da NES para a SNES, contudo a passagem de 8 bit para 16 bit foi um avanço tecnológico tão significativo que que a inovação sentiu-se nos próprios jogos - além de haver mais quatro botões no comando para pressionar.
A Nintendo 64 foi revolucionária no multijogador em consolas (ainda hoje há que a considere ser a melhor e não é por acaso que a Analogue está a fazer uma nova com FPGA). A GameCube aproximou-se das suas rivais da altura com um comando muito similar mas com as suas peculiaridades (há quem diga que ainda é o melhor comando para jogar Super Smash Bros.). A Wii foi uma revolução total com os seus comandos Wiimote com sensores de movimento, que conseguiu reunir várias gerações em frente à mesma televisão. Já a Wii U foi um erro de marketing, a consola tinha um enorme potencial, não foi, por isso, de estranhar que a Switch tenha recebido vários jogos da sua antecessora ao longo dos anos e fazer do insucesso um sucesso.
O meu problema, com os rumores que circulam em torno da próxima máquina de jogos da casa de Quioto, é que não sinto que a Nintendo esteja a inovar, só está a melhorar o que fez com a consola híbrida que lançou em 2017 - curiosamente, o ano em que casei.
Os comandos encaixam-se magneticamente? Parece ótimo, talvez seja isso que resolva o problema dos meus Joy-Con, que se desencaixam facilmente sem sequer pressionar na mola que os mantém no lugar devido. Tenho a minha Switch desde o lançamento e foi usada exaustivamente em centenas de jogos, talvez seja um normal sinal de desgaste. O ecrã será maior? É também algo louvável, no entanto tenho as minhas dúvidas que todos os jogadores venham a apreciar o alargamento do espaço visual. Isto pode aniquilar o fator portátil da futura consola. Caso seja verdade, prefiro aguardar por uma versão lite de tamanho e preço reduzidos, a portabilidade é um fator demasiado importante para mim - na Switch devo ter jogado 99% das vezes em modo portátil, dá muito mais jeito para que outros possam aproveitar a televisão de casa (sim, só tenho uma e chega bem para as vezes que estou em casa). Não vou poder jogar clássicos como o 1-2 Switch, se escolher a versão que não permite remover os Joy-Con? Paciência. Há rumores que apontam para que os comandos já venham vacinados com a grande enfermidade conhecida como Joy-Con drift, isso sim é de valor. É tudo muito bom, mas a forma de jogar permanecerá a mesma tal como se joga numa outra consola qualquer.
Infelizmente, tenho um problema na bateria da minha Switch, esta já dura muito pouco tempo. Se dantes podia jogar três a quatro horas, ou sensivelmente mais dependendo do jogo, agora nem meia hora para dá, pois esta começa-se a queixar com notificações e ameaças de que se vai desligar se não a ligar à corrente. Talvez seja um problema fácil de resolver com uma simples troca de bateria, mas na minha casa o meu orçamento familiar já não estica mais para ter uma pequena verba para videojogos. Portanto, tenho passado bons momentos de diversão com a minha 3DS, sobretudo a jogar pela primeira vez clássicos da sua antecessora. Neste preciso momento, ando a divertir-me com The Legend of Zelda: Phantom Hourglass, quando meio mundo está com Echoes of Wisdom. No fundo, estou com um clássico da melhor portátil da Nintendo, jogar com um stylus na mão (que na verdade é um lápis de cor das minhas filhas, porque já perdi o pequeno objeto de plástico ainda na altura que escrevia análises no VideoGamer Portugal) para tocar no ecrã táctil é uma experiência fenomenal.
Pensando melhor, para ser honesto, até gostei terem dado continuidade ao legado da DS com a 3DS, por isso é muito provável que vá gostar da próxima consola da Nintendo for, efetivamente, a tão badalada “Switch 2”. Os jogos desenvolvidos para aqueles dois sistemas, em muitos casos, foram obras irrepetíveis, apesar das adaptações que ocorreram com uma lógica readaptada. Embora a “Switch 2” pareça ser uma consola que vai herdar muito do património tecnológico da sua antecessora, não me parece que a forma de jogar vá mudar significativamente. Pior, isto pode banalizar a Nintendo ao aproximar-se das gerações anteriores das suas rivais (mesmo estando num campeonato à parte).
Para terminar, sabem o quê que me provoca mais urticária? Todas as publicações noticiosas referirem-se à próxima consola da Nintendo como “Switch 2”, assumindo que as supostas imagens são fugas de informação reais e que a casa liderada por Shuntaro Furukawa está já a criar o que as imagens nos mostram. A própria Nintendo já veio a público a referir-se à consola como a “sucessora da Switch” e não com o nome que tenho vindo a repetir ao longo deste artigo. Na verdade, todos sabemos que a próxima consola da Nintendo se irá chamar de Super Nintendo Switch. Ponto final.
Leituras
Bons textos continuam a vir das mesmas casas. Não é necessariamente mau, mas seria bom que todos os autores levassem este trabalho a sério e escrevessem em bom português. Ainda existe alguns sítios que parecem querer só códigos para jogar e vomitar algo sem pés nem cabeça, sem o brio profissional que deveriam ter.
Metro Quester: Osaka é um verdadeiro regresso ao passado, à sopa primordial dos dungeon crawlers, onde a exploração é restrita à movimentação por grelha, cujos combates por turnos são implacáveis devido ao RNG, mas sempre com uma sensação de descoberta e vitória que tornam a experiência de explorar Osaka e restantes regiões adjacentes numa verdadeira luta por mais “uma tentativa”. - João Canelo sobre Metro Quester: Osaka, Echo Boomer
A iluminação é mínima, mergulhando-nos numa escuridão quase impenetrável durante longos períodos de tempo. Isto não só reforça a sensação de claustrofobia e isolamento, como também nos deixa vulneráveis a emboscadas de inimigos, como os manequins que se tentam esconder do nosso campo de visão, por vezes de uma forma perturbadoramente cómica. Estes momentos de escuridão quase total transformam cada passo numa aposta contra terrores invisíveis, e quando finalmente somos brindados com luz solar, esta torna-se tão prazerosa como uma brisa fresca num dia quente. - Francisco Silva sobre Silent Hill 2 Remake, IGN Portugal
Adoro como uma mecânica tão simples se torna complexa à medida que colecionamos ecos como se fossem criaturas Pokémon. O uso destes consegue ser, por vezes, universal ou singular, incentivando o jogador a experimentar e a combinar estratégias com um nível de criatividade quase tão elevado quanto o de Tears of the Kingdom. É um design de jogo que torna cada aventura única para cada jogador. - David Fialho sobre The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom, Echo Boomer
O vínculo emocional que criei com estas personagens foi imediato. Poder sentir a evolução e o desenvolvimento da relação entre ambas pelos quatro capítulos presentes no jogo e vivenciar o crescimento da cria foi extremamente apaixonante. - Igor Gonçalves sobre Neva, Squared Potato
É uma viagem curta, uma tarde bem passada é tudo o que precisamos para ver o jogo do início ao fim, embora se quisermos completar tudo a 100% e apanhar tudo o que é colecionável as horas estendem-se, algo que recomendo, pois todo o jogo é um convite à exploração. - Nuno Mendes sobre Europa, Meus Jogos
Essa fusão entre os desafios lógicos e o exercício mental faz com que não tentemos apenas resolver problemas, mas também que pratiquemos habilidades de relaxamento que podem ser úteis fora do jogo. E na fase de ansiedade em que ando, nem imaginam o quanto precisava disto. - Ricardo Correia sobre Narcalid, Rubber Chicken
Em nome dos deuses dos embargos, as senhoras cá de casa foram as cobaias para testar Super Mario Party Jamboree ao longo destes dias. Uma das particularidades interessantes da série é o equilíbrio que promove, independente das habilidades dos jogadores. Eu sei isto porque por mais que humilhasse mulher e filha nos desafios individuais que fizemos, não havia maneira de ganhar um tabuleiro. Lá aparecia o bloco mágico à frente da "Pêssega" (nome carinhoso da Princesa Peach de serviço) ou a pequena tirava o número que precisava para alcançar a estrela mesmo antes do pai. - Aníbal Gonçalves sobre Super Mario Party Jamboree, IGN Portugal
O que distingue Neva é a sua exploração do crescimento pessoal perante a perda. Onde outros jogos se concentram exclusivamente em ação ou resolução de quebra-cabeças, Neva dá prioridade à resiliência emocional. O jogador é levado numa jornada de cuidado mútuo, onde a relação entre Alba e a cria de lobo é central, destacando temas de empatia e interdependência. - António Moura sobre Neva, Central Comics
Como qualquer bom conto dos tempos da Pérsia antiga, as miragens subsistem entre os vários corredores, salas, salões, bibliotecas, arenas, portos, florestas, que compõem aquilo que foi a capital do reino de Dario (inspirado em Dario I, Rei do Império Aqueménida durante o século VI a.c.), impondo a nós, os orientadores do protagonista, a vontade de desvendar esses mistérios. - "Prince of Persia: The Lost Crown e um pergaminho de amor à antiga Pérsia" por Francisco Isaac, Rubber Chicken
A imensidão de níveis e personagens deixam-nos realmente saciados com a longevidade do jogo. Se pormenores faltassem, até temos direito a pequenos desafios que fazem a transição entre as praças e os níveis, e nos convidam a revisitar cenários inspirados em curtas animadas dos primórdios da vida da casa do rato. Estes últimos até que achei-os um pouco a mais, algo enfadonhos nomeadamente quando temos de sair dos níveis e queremos regressar à praça, mas com pequenos twists que uma vez por outra até gostamos de os passar. - Joana Sousa sobre Epic Mickey Rebrushed, Squared Potato
Para ouvir
Duas das pessoas que mais admiro na escrita sobre videojogos falam do próximo livro de Jason Schreier. O repórter da Bloomberg fala sobre o seu próximo livro que abordará os problemas que se têm vindo a descobrir na Blizzard, antes desta ter sido adquirida pela Microsoft. Muito bom epidodio.
Vejam isto
Nunca joguei todos os jogos da série criada por Hideo Kojima, mas fico sempre fascinado com as histórias que se contam à custa dela. O canal Writing on Games criou um grande vídeo sobre os bosses de Metal Gear Solid, deviam ver, pois está muito bem escrito e estruturado.